15.6.08

Ditadores




Dois artigos recentemente publicados na página de opinião da Folha de São Paulo entraram em choque entre si. O primeiro, escrito por um militar, atribuiu à esquerda brasileira o endurecimento do regime militar na década de 60 e 70 como uma necessidade estratégica para fazer frente à luta armada, que queria instaurar aqui uma ditadura do proletariado. O segundo texto comenta, dentre outras coisas, o seguinte:

"A violência sempre foi cultivada pelos dirigentes militares, situando-se no centro da estratégia para consolidar o autoritarismo, cujo propósito era desmobilizar e despolitizar a sociedade e impor um modelo econômico que privilegiasse a rápida acumulação capitalista naquele contexto de Guerra Fria. A escolha da força para se obter obediência levou os órgãos de segurança a uma posição de destaque. Os órgãos da polícia política constituíam um dos núcleos centrais do poder, onde se destacava o SNI, comandado por generais do Exército, entre eles Golbery, o seu criador em 1964 e idealizador da distensão posteriormente executada por Geisel, chefe da Casa Militar de Castelo Branco que negou a existência de abusos cometidos pelo regime, e o primeiro presidente a admitir, após deixar o cargo, a tortura como meio necessário para obter confissões."

A América Latina há muito tempo tem sido um terreno fértil de ditadores: Galtieri, Pinochet, Stroessner, Noriega, Médici... Que continente politicamente desafortunado, que chocadeira de celerados!

Falando de Brasil, não há como justificar idéias absurdas como o plano de mandar o gasômetro pelos ares (frustrado por um militar que se recusou a levar a idéia adiante), ou, pior ainda, aquele atentado frustrado no Riocentro, quando planejava-se explodir uma bomba no meio da platéia de um festival de música durante o feriado do dia do trabalho (a bomba acabou explodindo dentro de um carro, precisamente no colo do sujeito encarregado da missão). Matar jovens em um show de música seria represália contra quem, me pergunto...

E pensar que houve um tempo em que se poderia ser preso ou morto por causa de um desenho satírico ou algumas desabonadoras linhas de texto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei da textura e do verdão do casaco. Ah, e eu achei a Chiquinha (do Chaves) entre as medalhas-cabeça do lado esquerdo! rsrs